Números indicam que, mesmo na crise, época é a mais favorável para estudantes entrarem no mercado de trabalho
Para o jovem, conseguir uma colocação profissional é, muitas vezes, mais desafiador do que para qualquer trabalhador. A grande maioria desses candidatos enfrenta um dilema crucial para o desenvolvimento de suas carreiras: como adquirir experiência e se tornar competitivo no mercado quando boa parte das vagas exige este requisito?
Tradicionalmente, o estágio é uma das principais alternativas para que o jovem consiga superar essa dificuldade – esses programas possibilitam a entrada em grandes empresas à título de experiência e oferecem, até mesmo, a chance de efetivação futura.
E mesmo diante da crise enfrentada pelo país, a oferta de vagas durante o segundo semestre tem apresentado números positivos: nesse período do ano, as empresas costumam disponibilizar mais vagas e aproveitar o momento de transição universitária para selecionar os candidatos mais preparados.
Em vista disso, o estudante deve ficar atento às oportunidades e aproveitar o momento propício para investir no aperfeiçoamento de suas habilidades e na preparação para o processo seletivo.
Histórico favorável
Ainda que de uma maneira geral o mercado não esteja tão convidativo, o momento é o mais oportuno para o estudante deseja se candidatar à uma vaga de estágio: neste período, a demanda por estudantes é maior em relação ao início do ano.
Essa tendência é resultado, sobretudo, do caráter temporário do programa. De acordo com Tiago Mavichian, diretor da Companhia de Estágios, consultoria especializada nesse tipo de programa “Nessa época as empresas precisam se antecipar quanto à demanda por novos estagiários em vista do fim dos contratos vigentes e até mesmo da efetivação dos atuais participantes.
Da mesma forma, mais estudantes concluem seus cursos na segunda metade do ano e partem para o mercado formal. Como resultado, mais processos seletivos são iniciados e mais vagas são abertas para preencher essa lacuna.” – explica.
A afirmação é corroborada pelo histórico positivo do mercado – dados da recrutadora apontam que nos três últimos anos a média de crescimento na oferta de novas vagas de estágio durante o segundo semestre foi de 7%.
Mesmo em 2015, período no qual houve um aprofundamento da crise do emprego, essa taxa chegou à 6,8% – resultado notável, visto que o país perdeu mais de 1,5 milhão de postos de trabalho formal ao longo do último ano, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
A perspectiva deve se manter favorável também em 2016 – de acordo com a consultoria, a expectativa é nos próximos dois meses processos seletivos sejam abertos para vagas de estágio em grandes empresas no país: “Em breve daremos início aos processos seletivos de empresas de atuação expressiva, inclusive multinacionais. Desde gigantes do setor tecnológico, químico e de serviços.”
Diante disso, o especialista prevê que a tendência do aumento no número de vagas deva se confirmar também neste ano, mantendo-se próximo da média observada.
Porém, é fundamental que o estudante explore este período como chance de aperfeiçoamento do currículo e de suas habilidades, uma vez que, além do aumento na oferta de vagas, aumenta também o número de candidatos disputando esses postos.
Concorrência também é maior
Devido à natureza cíclica do processo de contratação, é natural que mais jovens se candidatem à esses postos – alunos que ingressaram nas universidades no início do ano, já se encaixam no perfil contemplado pelo programa de estágio e incrementam a lista de estudantes que buscam uma oportunidade durante este período.
De acordo com a consultoria, dados do último triênio apontam que os processos seletivos do segundo semestre costumam contar com cerca de 20% a mais de inscritos. O resultado é que, apesar dos processos oferecem mais vagas, a disputa é mais acirrada.
Ainda assim, de acordo com o diretor da Companhia, o estudante que souber utilizar esse momento a seu favor pode se beneficiar “É importante observar que este período também compreende as férias escolares, portanto, o candidato que aproveitar essa época para reforçar o currículo, fazendo por exemplo um curso de férias da sua área ou reforçando o inglês e a informática.
Assim estará mais preparado para o processo seletivo e terá mais chances de se destacar em meio à concorrência.” – esclarece Mavichian.
Investimento em qualificação é aposta eficaz
Ainda que o país esteja atravessando um dos momentos mais difíceis, sobretudo na área do emprego, é preciso que o estudante siga investindo em sua qualificação – ainda mais considerando-se que o mercado está mais enxuto e, em decorrência da própria crise, mais jovens se lançam ao mercado a cada dia.
Dessa forma, destacar as qualidades e aprimorar conhecimentos afim de compor um currículo mais atrativo é fundamental de acordo com a psicóloga Greta Munhoz “Aprender um idioma, fazer cursos de extensão e se envolver em atividades que valorizem o currículo é extremamente importante para este candidato que, por sua pouca experiência, não é tão competitivo no mercado formal.
Apesar de não exigir experiências anteriores o programa de estágio considera competências extremamente relevantes aos empregadores: habilidades interpessoais, desenvoltura e qualificações extra curriculares. Por isso é essencial que o jovem dê ênfase à essas características e as desenvolva para que se sobressaia no processo seletivo.” – aconselha.
Essa importância foi revelada, inclusive, por um levantamento da própria consultoria: uma pesquisa realizada em todo país revelou que mais de 60% dos candidatos que concorrem à vagas de estágio neste ano investiram em algum curso complementar recentemente “É importante que o candidato não enxergue apenas a dificuldade do mercado, é preciso entender que a crise é momentânea, enquanto a carreira é uma conquista a longo prazo. Logo, motivar-se e seguir se dedicando aos estudos é a melhor forma de conquistar uma dessas oportunidades e dar o primeiro passo para a realização profissional.” – conclui.
